Parti numa manhã cinzenta e triste, sem coragem de olhar para trás, mas com a benção de mamãe que sorria alegremente ao ajudar-me a fazer a mala e separar os pertences da viagem. Não tinha ideia do que levar e não compreendia o comportamento de dona Yolanda, que me acenava contente do portão, com uma força que não lhe permitia se entregar e tampouco cair. Contudo, minutos depois, precisei voltar às pressas, pois havia esquecido o violão sobre a poltrona da sala de estar. Ao entrar silenciosamente e sem ser notado, para a minha surpresa, pude ver que mamãe — a mulher antes durona e forte — agora se debulhava em lágrimas, ajoelhada em frente ao fogão.
Alex –
Uma história contada no Rio de Janeiro dos anos 70, em meio a ditadura. O malandro, a rua ouvidor, um violão, e o maior dos sonhos. Assim bastava acreditar.