A Menina Que Roubava Senhas
Ela abriu de mansinho a porta do quarto e olhou pela última vez para o rapaz deitado na cama. Era cedo demais para acordá-lo, para dizer que estava indo embora. Como de costume, por levantar várias vezes na madrugada.
Ela abriu de mansinho a porta do quarto e olhou pela última vez para o rapaz deitado na cama. Era cedo demais para acordá-lo, para dizer que estava indo embora. Como de costume, por levantar várias vezes na madrugada.
Ontem teve início a fase da lua minguante, de um mês extremamente gelado. No Sul, as temperaturas despencaram abaixo de zero grau e na minha varanda a sensação é de muito frio. É época de ventos fortes, vindos do sudoeste.
Era uma fila imensa para ser atendida. Acho que fiquei ali esperando por quase uma hora. A senhora que chegou um pouco antes de mim, acompanhada do seu marido − suponho −, rezingava em voz alta as mazelas da vida.
A chuva gelada que cai no telhado de barro produz um som constante que embala o sono de toda a gente. Na grama, o sapo coaxa e as cigarras que inundavam o verão já se foram.
A minha cabeça doía, como se tivesse levado uma forte pancada. A visão me parecia turva, como se o olho buscasse definir o foco para visualizar o que estava à frente. Ao meu lado, um senhor, com um olhar delicado, cujos cabelos de tão brancos mais pareciam feitos de algodão, ofereceu-me a mão para que eu pudesse levantar. Aos poucos, ao recobrar a consciência, vi-me num lugar completamente estranho e desconhecido.
Acredito que, embora a ciência não comprove a vida após a morte, a realidade esteja acontecendo em outras frequências, em outras dimensões, simultaneamente. Parece que Dr. Sam vivia em dois momentos reais ao mesmo tempo.
Hoje percebo que meu maior herói está dentro de mim mesmo. Provavelmente, papai também pensou assim, embarcando nessa nave que viaja para algum lugar distante, para um mundo desconhecido, talvez, na luta diária pela dignidade de uma vida honesta e feliz.
A verdade mais exata do homem está no seu código genético – no DNA. Depois de concebido, não há como alterá-lo e tampouco como fugir dele. As informações herdadas dos nossos pais estarão contidas no nosso sangue.
Para entender alter ego, em linhas gerais, pode-se pensar como sendo o outro “eu”, a outra “personalidade” do mesmo indivíduo. No caso do Superman, é Kent quem mantém o segredo da sua própria identidade. Então, o repórter é o super ego do nosso herói, diferentemente de quase todos os outros heróis que conhecemos, quando o contrário acontece.